“Poucas Palavras” é mais uma música do excelente CD “Mudança” a ser trabalhada em clipe. Entre tantas músicas boas para se trabalhar qual foi o critério de escolha dessa música?
Com certeza a homenagem que ela faz a poesia, o fato de relacionar o rap e a literatura como sendo algo complementar e interdependente. Outra coisa que me influenciou é que eu queria muito fazer um clipe em preto e branco e essa música tinha tudo haver com isso.
O Brasil é um dos países em que menos se lê no mundo, na América Latina é o último. Eu vejo o clipe de “Poucas Palavras” como uma iniciativa que ajuda a reverter esse quadro. O vídeo tem essa intenção também?
Com certeza, a música e o video mostram como a literatura transforma as pessoas, cria pontes entre elas, foi assim comigo e é isso que eu tento passar como exemplo, de como ela pode ser boa pra nós. Sem dúvida pretendemos com este video despertar os irmão para este caminho, esta alternativa de MUDANÇA.
Ao mesmo tempo em que somos um país onde pouco se lê, assistimos o crescimento de um movimento literário vindo das periferias que a cada dia se afirma cada vez mais. Como você ver isso e qual a importância desse movimento literário para periferia?
O grande geógrafo brasileiro Milton Santos acreditava que existiria um “Período Popular da História” quando os “de baixo“ tomariam a cena, eu acredito muito que o hip-hop e a literatura marginal tem feito esse papel, mostrado a cara e a voz daqueles que antes eram citados apenas como coadjuvantes da história, e hoje escrevem e cantam sua própria história, sem atravessadores.
Os laços entre a literatura e o hip hop estão cada vez mais estreitos. Como você vê essa aproximação? O vídeo de certa forma retrata esse momento da cultura hip hop?
Sim, a intenção do video é justamente essa, mostrar que existe uma forte ligação e reforçar ainda mais esse elo, trazer mais pessoas para essa corrente, porque nunca podemos esquecer que R.A.P significa Ritmo Amor e Poesia, então nos últimso anos se falou muito da letra R do ritmo, de se fazer um som pra pista, e perdeu-se a essencia da letra P da poesia, os saraus fizeram esse resgate.
Sérgio Vaz é para mim um dos maiores poetas da contemporaneidade. Pela segunda vez você o traz em um trabalho do Inquérito. Qual a importância dele em seu trabalho? Ele inspirou você em “Poucas palavras”?
Deixa uma mensagem final citando a importância da literatura na transformação do ser e do mundo.
A literatura não mudará o mundo, mas ela pode mudar as pessoas, e essas pessoas poderão mudar o mundo, Paulo Freire disse isso uma vez, e a chamada literatura marginal tem feito isso, transformação interna gerando MUDANÇA externa e contaminando de vida todo o redor. VIDA LONGA A LITERATURA MARGINAL, “Se a história é nossa deixa que nóis escreve”!
Assista ao clipe de #Poucas Palavras do grupo Inquérito
Muito sucesso ao grupo INQUERITO quem vem fazendo um trampo muito massa e mantendo viva a essencia da literatura e a verdadeira essencia da música!