Cantor presta homenagem ao Grande baluarte da Portela Paulo da Portela no dia de seu aniversário
Em outubro de 2017 o cantor e compositor Chico Tadeu lançado seu ultimo trabalho: o álbum “O Estado Critico” ao vivo, um trabalho orgânico precioso harmonicamente e vibrante. Duas grandes perdas fizeram o poeta se recolher, refletir e se reciclar. Dois anos depois o poeta renasce com o espírito renovado para cantar, com sutileza e sensibilidade impar de sempre, a alma da vida suburbana carioca e lança à belíssima “VAI COMO PODE”
Para marcar esse novo momento, Chico Tadeu decidiu homenagear o grande baluarte da Portela, Paulo Benjamin de Oliveira, ou melhor, Paulo da Portela; o homem que fundou a escola azul e branco de Osvaldo Cruz e Madureira e que lutou para que o carnaval e o povo preto fossem reconhecidos e respeitados em suas manifestações culturais.
Nesse dia 18 de junho celebra-se 119 anos do Professor. Para comemorar a data e em um momento tão importante na luta e nos debates contra o racismo, Chico lança VAI COMO PODE, sua nova música que vem acompanhada do clipe. Esse trabalho é uma breve biografia onde a Madureira antiga se mistura à atual, invocando o Espírito de Paulo e apresentando-lhe os frutos da sua luta: o carnaval, a Portela, o samba e as conquistas da população negra nesses contextos. A canção usa um sample com o Samba “Paulo da Portela” composto na década de 40 por Zé da Zilda. Tadeu promove um dialogo perfeito entre rap e samba.
Se a música é rica harmonicamente e melodicamente, o lindo clipe, dirigido por Rafael Cabral e direção de fotografia por Fábio Santos, é uma bela obra audiovisual. Contando com a participação de alguns portelenses ilustres, como Tia Surica, Didu Nogueira, além de pessoas da comunidade, o clipe é uma explosão de emoção em cada cena carregada de afeto. Houve um trabalho cuidadoso de fotografia e edição que prende a atenção do inicio ao fim. O cotidiano de Madureira está colocado nas imagens com muito realismo. As imagens dão vida a Paula da Portela, mas também registra o sentimento de amor, orgulho e prazer da comunidade em ser portelense. Além disso, demonstrar o profundo respeito e gratidão de todos ao professor Paulo da Portela por ter criado a agremiação.
“Quero ressaltar a importância de Paulo da Portela pra cultura popular brasileira assim como é Cartola da Mangueira, que por sinal eram amigos e em vários relatos o mangueirense deixa registrado seu respeito pelo Professor e por toda a sua postura. Quero trabalhar pra manter viva a memória de Paulo e que seu nome se torne tão grande quanto foi o seu trabalho aqui, desde a inspiração para Walt Disney criar o personagem Zé Carioca até a institucionalização do carnaval na cidade do Rio de Janeiro. Foi assim que conquistou multidões, lutando contra a desmarginalização do sambista e transformando as agremiações em Escolas de Samba como conhecemos hoje. Ele provou que arte e cultura são indissociáveis como base para educação e transformação do indivíduo em sociedade. Essa obra é totalmente dedicada a ele, com todo o meu amor e respeito. Viva o Professor!” palavras de Chico.
Com “Vai como pode” Chico Tadeu dá uma aula de historia e de cultura popular, mais que isso, mostra que o rap pode muito mais quando se tem coragem e desejo de romper com os limites e ir além das margem fugindo dos modelos pré-determinados. Mais uma vez a criatividade, bom gosto e versatilidade musical e cultural de Chico Tadeu prova que o rap é muito mais do que aparenta ser.
Chico Tadeu é artista de alma suburbana que usa o Rap como mensagem. Ativista social, amante da cultura brasileira de um modo geral, militante, traz em suas músicas a realidade que vive de forma direta. Nesse novo trabalho, mergulha em suas raízes e principais influências, propondo um diálogo cheio de latinidades entre o Samba e o Rap que saem de Madureira para o mundo.
Salve o samba, salve a santa salve ela, salve o manto azul e branco da Portela, desfilando triunfal sobre o altar do carnaval. Paulo da Portela vive!! Obrigado Chico Tadeu!!
Matéria belíssima sobre esse trabalho incrível do Chico Tadeu.