Última temporada estreia acompanhada de clipe da parceria com Emicida e Lukinhas
É com a chegada da Terceira Temporada de Tão Real que Rashid inicia o ano. Como que visando o futuro, deixou para encerrar em 2020 o álbum que começou a lançar em 2019, dado o tanto de ideias que envolvem o trabalho, sétimo solo de sua carreira, que foi dividido em três partes e traz, além das músicas, conteúdos extras como documentário, podcast e um site oficial.
Em setembro, quando soltou a Primeira Temporada, já notava-se que este seria um disco muito pessoal, dotado de uma transparência pertinente e necessária em tempos de fake-tudo. Nas letras e também no documentário que acompanha o disco descreveu dores, frustrações e as vitórias – um roteiro comum da vida humana – mas não se contentou apenas com uma porção de palavras bonitas (já que elas são o seu ofício) para superar os contratempos do cotidiano, como o cancelamento de seu show no Lollapalooza do ano passado, história que abre a série de episódios do documentário. Mostrou que o improviso que domina na rima serve também para driblar os imprevistos e que transforma em rap todas as batidas que toma da vida, exatamente como fez ao explorar estilos como o reggae e o jazz no disco de agora.
Com o encerramento de Tão Real, entrega uma temporada de maior autorreflexão e musicalmente mais introspectiva, escolhendo trabalhar com tons graves para dar a perspectiva que os temas merecem, como faz em “V-I-S-Ã-O”, “Blindado” e “Casca”, onde predominam beats pesados, colagens e o papo reto nas letras. Faz das melodias do R&B e soul a ambiência em “Meu Amigo Tempo”, com participação da banda curitibana Tuyo, e “Eu”, com Srta. Paola na segunda voz, faixa que encerra o álbum. Nestas duas, explora um pouco do spoken word em monólogos que poderiam facilmente passar na cabeça de qualquer um. Mesmo que não seja das referências mais diretas em seu repertório de metáforas e analogias literárias, é como se Rashid buscasse no existencialismo célebre de “Já que sou, o jeito é ser”, de Clarice Lispector em A Hora da Estrela, a ferramenta para desvendar-se sem “enfeitar a realidade”, como também ponderou ela no mesmo livro, tratando da incapacidade que os poetas têm de fingir verdades.
Para inteirar a tracklist, tem a parceria com Emicida e Lukinhas em “Pipa Voada”, cujo videoclipe está sendo lançado no mesmo dia do álbum completo. Para os seguidores que acompanham a saga Tão Real há quase cinco meses, tem o episódio final do documentário e edição nova do podcast para serem lançados nos próximos dias, junto com a coleção de 9 artes para download gratuito no site www.taoreal.com.br.
Com um disco de 70 minutos que se dividem em 18 faixas, a quantidade de material só não é maior que a vontade de avançar. Agora com a temporada final, o músico não poderia deixar de calcular o saldo desta empreitada que começou a ser desenhada ainda em 2018, após o lançamento do álbum CRISE, e que veio junto à autocobrança de superar um grande feito com outro maior. Tão Real é, então, o resultado das incontáveis apostas que disputou consigo mesmo e com o mundo lá fora. O preço é alto, mas de tanto apostar, parece que Rashid já ganhou essa Mega Cena.
Ouça Tão Real – O Álbum: http://SMB.lnk.to/