Com produção de Cairê Rego, a faixa chega com clipe de pegada pop/psicodélica
Jeza da Pedra anuncia nesta quinta-feira seu primeiro álbum, “Átomo de Verão”, com o lançamento do single e clipe “Morangos mofados”. A faixa produzida por Cairê Rego (Banda Baleia) chega em todas as plataformas através do selo Alá em parceria com a Altafonte. Para Jeza “Morangos mofados” funciona como uma elegia aos desamores. “É uma canção sobre um amor com a duração de um suspiro. É a melancolia de um desafeto mascarada de elegância”, define.
Jeza despontou na cena musical brasileira com o EP “Pagofunk Iluminati”, de 2017 e vem se dedicando desde o ano passado ao projeto “Jeza Kassin” — um álbum em parceria com um dos principais produtores musicais do Brasil, Alexandre Kassin.
Mais sobre Jeza pelo jornalista Cláudio Leal:
Estou em condições de provar a existência de Jeza da Pedra, o primeiro rapper abertamente gay do hip hop carioca, como diz o anúncio franco. Em sua vida miraculosa, ele passou por tudo o que invejamos e não invejamos. De família neopentecostal, Jeza viveu a pele de vendedor de picolé, anfitrião de karaokê, michê de sauna, concierge de hotel cinco estrelas, escritor, músico… Sem qualquer caráter puritano nestas reticências.
Jeza me surgiu em 2011, no Rio de Janeiro, apresentado por Rodrigo Sombra, num círculo de amigos que também é o de Eduardo Sá, Thiago Félix e Luana Moussallem. Encorpado como um zagueiro do América (não faço ideia de como seja um zagueiro do América, mas gosto da imagem), ele morava em Copacabana, numa casa de quartos atapetados, ao estilo elizabetano ou vitoriano, e dele dizia-se que era um obcecado por Oscar Wilde. Era verdade. Joguei a isca e ele logo se referiu à grande biografia de Richard Ellmann, autor de outro clássico sobre James Joyce. O livro estava em sua estante. Em inglês. Jeza falava inglês e francês fluentes. Tudo nele era uma página não-escrita de Jean Genet. Um Saint Genet dos subúrbios cariocas. Lembrava de Rimbaud e Walt Whitman como se fossem suas comadres.
Um dia quase desacreditei de sua encarnação mundana, para enquadrá-lo em definitivo na literatura. Ele conhecia canções de Charles Trenet e Henri Salvador, além de ter notícias de Juliette Gréco. Ouço-o cantarolar Dans mon île: “Bien tranquille/ Près de ma doudou”. Vez em quando ele sumia, metia-se em várias tretas, saía de todas e retornava em forma de carta. Nascido nas franjas pobres do Rio, Jeza tem a linguagem brasileira nas vísceras, sabendo narrar seus triunfos e reveses numa prosa fascinante.