Com oito músicas de oito artistas, o disco chega como a primeira coletânea do selo gravada e produzida no Lab Estúdio
A Laboratório Fantasma inaugurou um estúdio recentemente com o objetivo de ter um lugar onde os artistas e parceiros da Lab possam gravar, ensaiar, experimentar e gerar conteúdos diversos. Além disso, a ideia é desenvolver projetos com curadoria da Lab e receber convidados, sempre visando fomentar a cena musical brasileira. A primeira parceria foi com a Levi’s® e o álbum “Original’s Studio” acaba de sair do forno.
São oito faixas de oito artistas com curadoria de Evandro Fióti, sócio fundador da Lab Fantasma. “Foi enriquecedor poder ouvir tantos trabalhos autorais interessantes, e poder contribuir na jornada desses artistas, na produção de cada uma dessas músicas. Quando montamos o nosso estúdio foi pensando em iniciativas como esta. Uma vez que temos uma capacidade limitada para administrar carreiras de artistas, através do estúdio e de projetos como este, conseguimos ampliar os nossos tentáculos, criar algo maior e participar da construção da carreira de artistas com os quais também nos identificamos, mas que, infelizmente, não conseguimos assumir o gerenciamento de carreira 100% dentro da nossa estrutura” afirma.
“Original’s Studio” traz uma faixa de cada um dos artistas: 2DE1, (“Café pra Um”), Abstrato+LadoB (“Acostume-se”), Cigana (“Natureza”), Danilo Moralles (“Fantasia Ideal”), Danna Lisboa (“Get Up”), Desa (“Maria Marisqueira”), Helen Nzinga (“Dia a Dia”) e Thiago Elniño (“Angola Janga”). O álbum foi lançado nas plataformas digitais na última sexta-feira, 11/05. Também foram disponibilizados na internet os clipes de 2DE1, Thiago Elniño, Danilo Moralles e Desa. Ao longo dessa semana serão lançados os clipes dos demais artistas.
Faixa a Faixa
1. Fantasia Ideal – Danillo Moraes
A música fala sobre a ideia de fuga que temos que criar para poder nos afastar do caos da cidade de pedra.
2. Café para Um – 2DE1
Nós começamos a pensar na música que mais se encaixaria no projeto e a gente chegou na ‘Café pra Um’, que fala sobre essa vaidade de simplesmente olhar pra si e se colocar na frente. Existe todo um ritual de fazer um café pra você mesmo, de criar um momento seu e de mais ninguém. E isso é lindo, porque no fim, é preciso estar bem sozinho antes de querer estar bem com outra, ou outras pessoas. E porque não um cafezinho pra acompanhar?
3. Maria Marisqueira – Desa
Marisqueira é a mulher negra que trabalha na cadeia produtiva do sururu, símbolo de resistência, vindo da lama da lagoa Mundaú em Maceió, Alagoas. Tomada pelas águas internas da ancestralidade e inspirada pela poesia, recebi estes versos e melodia onde trago o sentimento de uma mulher sagrada que processa sua libertação do patriarcado, matando dentro si essa ordem mental que a oprimia e lhe causava negação e culpa. Essa Maria agora se trata com amor, reconhecendo sua imensidão e fazendo sua renda render, ela retoma o poder de si mesma e assim renasce linda, maravilhosa, encantadora e principalmente, cuidadora do seu próprio espaço.
4. Get Up – Danna Lisboa
Através dessa composição quis fazer um resgate da cultura hip hop. Quis mostrar que a música periférica, independente da variedade que existe dentro do gênero, promove a transformação, sendo fonte de inspiração e de renovação dentro de própria periferia. “Get Up” busca trazer essa força baseada nos próprios valores poéticos e estéticos da periferia.
5. Dia a Dia – Helen Nzinga
É uma música inspirada no cotidiano de mulheres negras. Anônimas ou não, são mulheres com suas próprias especificidades, mas que têm em comum a força, a sagacidade e a capacidade de ressignificar sua realidade muitas vezes caótica, consequência do preconceito racial e de gênero. Essas mulheres constroem alternativas às ausências de direitos e nunca abaixam a cabeça, enquanto lutam diariamente para transformar suas próprias vidas e outras vidas em suas comunidades. São nossas mães, nossas tias, nossas avós, mulheres que estão ao nosso lado no corre do dia a dia. São mulheres guerreiras, são mulheres que se tornam inspiração sem perceber e que carregam em si as sementes da transformação social. Quando a mulher negra (base da pirâmide social) se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela.
6. Angola Janga – Thiago Elniño
Faz parte do conceito do meu trabalho me inspirar na energia e dedicar a música que está sendo feita a algum Orixá. Angola Janga é uma música de, e para, Ogum, e foi inspirado no quadrinho no quadrinho de mesmo nome, do autor Marcelo D’Salete, que conta a luta e a resistência do povo preto no quilombo de Palmares.
7. Natureza – Cigana
Natureza é um grito de alerta, é sobre as trilhas que existem e ditam como será nossa vida, sempre controlada pelo sistema econômico. É sobre a facilidade de entender isso, e a dificuldade de entramos em contato com nossos sentimentos. Mas a mensagem da música é que apesar de tudo, se acreditarmos que o amor é a base, há esperança.
8. Acostume-se – Abstrato+LadoB
Estamos vivendo em um estilo de vida automático, sem paradas ou percepções. Apenas continuando a rotina de um dia após o outro sem notar o que existe além disso. Estamos acostumados a acostumar e seguir acomodados. “Acostume-se” é a oposição a episódios do cotidiano que nos diminui e agride. Nunca abaixar a cabeça e sempre caminhar para frente.
Sobre os artistas:
2DE1
Nascidos em Santos (SP), os gêmeos Fernando e Felipe Soares iniciaram na carreira artística em 2007 no quadro infantil “Novos Talentos”, no programa Raul Gil. Na ocasião, eles fizeram diversas apresentações, alcançaram visibilidade e conquistaram o público. Este foi apenas o início de um longo caminho na música. Em 2014, os jovens se lançaram como “2DE1” (Dois de um), e gravaram um EP homônimo, que rendeu uma participação na trilha sonora da webserie “O Lar De Todas As Cores”. No ano passado, lançaram seu disco de estreia, Transe, que saiu pelo selo paulistano Freak.
https://soundcloud.com/2de1_lo
Abstrato+LadoB
Entre experimentos e combinações, Abstrato ZK e Lado B se juntaram em 2012 para fazer algo que soasse diferente de tudo o que já́ fizeram, lançando o single “Indecente”. No início de 2016 estrearam seu primeiro álbum intitulado A+B, que conta com 7 faixas e participações de artistas nacionais, como Felipe Janavicius, vocalista da banda Spazio e internacionais, como Fat String, uma das referências do reggae mundial. Liderada pela letra politizada e de consciência da nossa atual juventude, representada na voz do MC Abstrato ZK. Passando pela produção do beatmaker LadoB, pela pegada de punk e rock and roll do baterista Barba, e culminando para a mistura de hip hop do DJ Edgar Costa.
https://soundcloud.com/abstrat
Cigana
Formada em 2014 em Limeira/SP, a Cigana já tem 2 EPs em seu currículo e lançou recentemente o single “Às Vezes Cansa” como a primeira amostra do seu álbum estreia (que está sendo gravado). A faixa, que combina uma atmosfera lisérgica que contrapõem os riffs pesados e a letra reflexiva da canção, foi disponibilizada nas plataformas digitais em fevereiro e desde então vem ganhando destaque com a crítica especializada e o público.
https://soundcloud.com/ciganam
Danna Lisboa
A cantora trans negra e periférica Danna Lisboa chega com tudo para fazer coro junto a essa geração de excluídos que não aceitam mais o papel social que o machismo e o preconceito impõem. Munida de uma mente brilhante capaz de fazer versos e rimas cheios de verdade sobre uma dura realidade, somada a uma voz poderosa, beleza estonteante e muita ginga, ela promete abalar as estruturas conservadoras. IDEIAS, o primeiro EP da cantora Danna Lisboa, é um trabalho conceitual que traz variedade de estilos como R&B, hip hop, rock, ragga e música eletrônica, que foi produzido por Nelson D, também DJ da Danna.
https://soundcloud.com/dannali
Danilo Moralles
Lançado no final do ano passado pelo selo Joia Moderna (do DJ Zé Pedro), o cantor e compositor paulistano traz uma sonoridade eletrônica, fundida com MPB. Além de algumas releituras como o clássico “Sujeito de Sorte” (Belchior), ele apresenta um forte trabalho autoral em faixas como “O Canto” e “Bixo”. Ele toca acompanhado do produtor Marco A.S., que já trabalhou com Jota Quest e que produziu seu disco de estreia.
https://soundcloud.com/moralle
Desa
Cantora e compositora alagoana, Desa cresceu em Feira Grande onde teve seus primeiros contatos com a arte dos folguedos do folclore alagoano. Na adolescência, cantava em teatros e casas de shows de Maceió́ com o grupo de música autoral Santadica. Se apresentou em eventos culturais, no Sesc em São Paulo e também em festivais como o Festival de Verão, em Maceió́. Suas influências passeiam pela MPB, rap e reggae.
https://soundcloud.com/desa-pa
Helen Nzinga
Helen Nzinga começou a cantar rap em 2007/2008 quando foi convidada a fazer parte de um grupo de rap gospel, o D’Missão. Como integrante do grupo chegou a compor uma música, mas nunca chegou a produzi-la, pois algum tempo depois o grupo se desfez. Depois de alguns anos longe do rap, em 2015 a rapper voltou a cantar quando compôs sua segunda música, “Nunca Esqueceremos Claudia e Patrick”, que conta um pouco do caso de violência policial nas favelas do Rio de Janeiro. Atualmente a rapper está com o selo DAGBA, uma parceria com o rapper Magoo Campos.
https://soundcloud.com/helen-a
Thiago Elniño
Nascido em Volta Redonda (RJ), Thiago Miranda é envolvido com a música desde os 15 anos de idade. O nome artístico, Thiago Elniño, veio da simbologia da alteração de temperamento drástica de um sujeito, hora tranquilo, hora extremamente agressivo no palco quando passou a participar de batalhas de MCs. Com a mixtape Fundamento (2013), os EPs Cavalos de Briga (2012) e Filhos de Um Deus que Dança (2016) e disco A Rotina do Pombo (2017), a carreira de Thiago tem destaque em seus videoclipes sempre muito bem recebidos e que trazem a mistura de letras fortes e viscerais com produção sempre muito bem elaboradas. Atualmente Thiago trabalha nas comemorações do lançamento do disco A Rotina do Pombo em fevereiro, e os EPs Diario de Quem Não Vale Um Cuspe e Ode as Mulheres Pretas ainda em 2018.