Crédito das fotos: Rodolfo Magalhães
“Essa mina é um tesouro!” Como a própria letra diz, Gloria Groove, a revelação da cena Drag Queen , mostra que veio para ficar. Mais: Chegou para acontecer no mercado fonográfico, com toda sua expressão corporal, potência vocal e personalidade marcante e revolucionária. Prova disso é que, depois do sucesso com o álbum “O Proceder”, trabalhado no ano passado, lançou, de forma inusitada, o novo hino para o carnaval, “Bumbum de Ouro”! A musica virou, rapidamente, um hit ao apontar no topo da lista Viral Brasil do Spotify, e agora com o vídeo clipe, lançando na noite de ontem (5), pelo Multishow, disparou no ranking, como um dos vídeos mais acessados na internet e já ultrapassa 1 milhão de visualizações em poucas horas.
“Então bate que brilha e se joga também!” É com essa “pegada” que Gloria Groove ousa e aposta em um repertório diferenciado, de tudo o que fez até hoje musicalmente. “A musica surgiu da minha necessidade de fazer algo que comunicasse com todos os públicos, pois eu queria finalmente me sentir parte de um todo e considero que o carnaval seria a hora perfeita para isso. Então é com muito prazer que eu solto essa canção, composição minha e de Pablo Bispo. O vídeo é uma criação minha, que tenho muito orgulho e que traz brilho. Tudo o que a gente ama. Fico muito feliz por poder me expressar cada vez mais.” Com foco já no segundo álbum, ela dispara: “Vem recheado dessa busca pelo novo, por tudo o que eu ainda não disse e que ainda posso dizer e fazer.”
Hoje, considerada a melhor voz do cenário LGBT, segue pelo país com agenda lotada de compromissos. Só neste mês, a agenda de shows de 2018 percorreu as principais festas populares, como a apresentação no Bloco Gambiarra, em São Paulo, Sesc Itaquera, Audio Club e aniversário de São Paulo, no Vale do Anhangabaú. A união desse público gerou em torno de dois milhões de pessoas, que cantaram e vibraram ao som de Gloria Groove. Na estrada, sua turnê já percorreu por estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão, Goiânia, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Bahia. Para o mês que vem a artista estreia em Manaus.
Gloria Groove aproxima drag queens com os mundos do rap e Hip Hop
Gloria Groove ganhou destaque com o seu primeiro álbum “O Proceder”, que trouxe o novo para o mundo fonográfico. Ao som de hip hop, as canções falaram alto e musicas como “Muleke Brasileiro”, “Império”, “Gloriosa”, “Dona” se destacaram nos principais eventos do Brasil.
Aos 23 anos, Daniel Garcia, nome de batismo, conta com uma vasta experiência de mercado. São mais de 15 anos no mundo do entretenimento, com participações em comerciais, programas de televisão (Amor & Sexo e Raul Gil), novelas (Bicho do Mato), cantor (Balão Mágico), dublagens (Doki – Discovery Kids), teatro (O Corcunda de Notre Dame/ 2013, M mais de Perto/2014 e 2015, O Despertar da Primavera / 2015) e muitos personagens que sempre mantiveram o multiartista em constante movimento e aprendizado até se tornar a Gloria Groove, em ascensão, de hoje.
Gloria Groove – a escolha do nome
Escolher o nome de um filho é uma grande dificuldade, mas uma coisa era certa na criação de Gloria Groove: As letras GG. “São as iniciais da minha mãe, que são 3 Gs, Gina Generoso Garcia. Quando a Gloria Gaynor (que eternizou o hit I Will Survive) esteve no Brasil, minha mãe que é back vocal, foi trabalhar com ela e brincava que as duas eram GG, justamente pelas iniciais dos nomes das duas artistas. De tanto brincar, isso ficou na minha cabeça. Eu relacionava GG com ser mulher, cantora e maravilhosa. GG é tudo grande. Eu já sabia que seria GG. Queria que fosse uma palavra e um nome universal, que fosse escrito igual aqui, na Venezuela ou nos Estados Unidos. Gloria me remetia à época em que eu tinha ligação com a igreja. Gloria no céu, na terra, no rio… Comecei a trabalhar como back vocal em uma banda chamada Super Soul e o pessoal falava sempre que precisava ‘colocar mais groove’. Percebi que era algo que não precisava explicar. São duas palavras fortes. Então, ficou Gloria Groove”, conta.
A artista ainda destaca que muitas pessoas pensam que a drag queen é uma personagem, mas para Daniel Garcia, criador da GG, é um nome artístico, como muitos artistas usam, e não apenas um personagem de uma história.
Quem é Gloria Groove? A Drag Queen Rapper
O título de Drag Rapper surgiu de forma inusitada. “Eu costumo dizer que drag rapper é uma coisa que me foi concedida. Meu primeiro som, que foi Dona, coloquei um rapper de seis linhas no meio da música. O diferencial foi esse. Quando vi isso acontecendo, falei ‘vamos brincar de drag rapper’. Hoje, a expectativa é enorme para eu seja somente uma drag rapper”, conta. Com pensamento alto e ousado, explica: “Eu confio muito que a gente vai ultrapassar a coisa do momento e drag queen vai se perpetuar como arte plural brasileira conceituada. Não vejo a hora de trabalhar com outras pessoas aqui no Brasil e fora”.
Outro grande destaque foi a música Império, que arrebatou o público! “As pessoas vieram através da resistência, do fator empoderamento. O clipe Império é muito carregado de conceito e impõe muito respeito. Percebi que os meus fãs enxergaram as mensagens nas entrelinhas. No vídeo, eu me vali de uma confiança maior como uma drag fazendo rapper por eu me ver nessa época, nesse espaço maior, na posição de atitude. Acho que a música é muito a nossa cara e fala muito de quem a gente é. São palavras para levantar a pessoa do chão. Esse é o diferencial.”, destaca Gloria Groove, que completa: “Espero poder mudar esta perspectiva sempre. Cada álbum que eu fizer, quero que tenha uma missão. Estou me preparando para isso a vida inteira”.
A razão da escolha tem explicação: “Como hétero, eu não teria tanta projeção com algo autêntico. Para ter sucesso, era evidente que eu teria de esconder que eu era gay. Eu me sentia avesso a essa falta de autenticidade. Por isso que ser drag queen me abriu muitos caminhos mentalmente. Eu descobri que dava para ser autêntico e me sentir confortável, belíssimo e fazer o que eu gosto. Todas as minhas referências eram femininas, a começar pela minha mãe e passando pela Beyoncè. Quando descobri que eu poderia aliar isso tudo e ser a cantora, as coisas mudaram de figura. Foi aí que eu descobri quem é a estrela em potencial. Drag fez eu me sentir pertencer a alguma coisa. Por uma causa. Hoje eu posso cantar sobre empoderamento, como já fiz muito, ou não, mas quero quebrar barreiras por ocupar o espaço que eu estiver ocupando. É revolucionário se você está fazendo e consegue ter esse reconhecimento”, reforça a artista.