Autor: Nelson Maca
Selo Blackitude
Custo: R$ 30,00 (173 páginas)
Por Marica Souza / Noiz na Missão
Malcolm X, Eldrich Cleaver, Ralph Ellison, Lima Barreto, Luís Gama, Abdias do Nascimento … Estes e outros pensadores da negritude permeiam a Gramática da Ira, primeiro livro do poeta, professor e militante paranaense radicado em Salvador Nelson Maca, 49 anos, que reúne um conjunto de poemas que dialogam com esta tradição literária e atualizam o debate sobre o conflito racial brasileiro. Escrito ao longo de uma década, o livro marca a estreia do selo Blackitude. Lançado no dia 14 de maio de 2015 em Salvador, desde então, cumpre uma série de lançamentos pelo Brasil.
Com prefácio assinado pelo escritor e ativista cubano Carlos Moore, a Gramática da Ira traz 56 poemas, que, segundo Maca, de maneira geral procuram refletir seu trajeto desde a inocência e alienação até a tomada de consciência e respectivo posicionamento com relação às questões raciais. Textos como Calma Rapaz, Moleke de Engenho, Instinto de Negridade e Malcolm Disse, alguns deles já bem conhecidos, principalmente pelos frequentadores do Sarau Bem Black, recital poético-musical idealizado e coordenado pelo autor há quase seis anos.
A partir da ideia central de como o racismo se estrutura na nossa sociedade e interfere na subjetividade negra, Maca vai traçando sua teia poética. “Procuro inserir a minha voz, ou seja, a voz de meu poema, no grande debate em torno da negritude, principalmente em seus desdobramentos do século XX”, afirma. Um dos mecanismos que utiliza para isso são as muitas citações, dentro e fora dos poemas. “O que busco é um diálogo, de forma que meus poemas sejam apenas uma das vozes no conjunto das reflexões que o livro traz”, completa.
Cada uma das nove partes do livro é aberta com uma referência direta a um desses pensadores, estabelecendo o eixo temático daquele bloco de poemas. Por exemplo, o capítulo Matança – com textos sobre religiosidade – traz a citação da Ialorixá Mãe Stella de Oxóssi: “A verdadeira guerra santa é aquela que destrói o que precisa ser destruído, a fim de construir o que precisa ser construído”. Mas as falas e citações também estão diluídas dentro dos poemas, o que, reflete Maca, pode levar alguns a acusá-lo de plágio. “Isso variará de acordo com cada leitor e sua visão estética e filosófica da poesia”, diz Maca, que trata desta questão diretamente no último texto do livro, o Manual do Usuário da Gramática da Ira – que por sua vez é uma “reescritura interessada” do Manual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella.
Adepto do conceito e estudioso da Literatura Negra, Nelson Maca diz que procura sempre imprimir negritude em seus poemas: na temática, na escolha do vocabulário e no ritmo. “Me interessa profundamente até aonde vai e como se dá o diálogo entre ética e estética na poética da negritude, na escrita literária e em sua reflexão crítica”, diz. O livro Gramática da Ira, que tem projeto gráfico do designer Welon Santos, o Penga, é o primeiro do selo Blackitude. O trabalho está sendo comercializado na campanha TRANSE, através da qual as pessoas poderão adquiri-lo pelo valor de R$ 30,00 (mais postagem), podendo colaborar com mais, voluntariamente. Mais informações sobre o livro e a campanha no blog www.gramaticadaira.worldpress.com.
Nelson Maca
Poeta e professor universitário, tem 49 anos e nasceu no Paraná, mas mora em Salvador desde 1989. Ensina no curso de Letras da Universidade Católica de Salvador desde 1995. É articulador do Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia, que realiza ações artísticas e de formação sócio-racial através das linguagens da cultura hip hop e afins há mais de 15 anos. É responsável pelo Sarau Bem Black, realizado há aproximadamente seis anos. Há mais de 30 promove e participa de eventos da negritude – seminários, workshops, cursos, shows, literatura e hip hop – na Bahia e no Brasil, tendo estabelecido parcerias com a Fundação Palmares, Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), Só Balanço Produções (BSB), Griô Produções (BSB), Balada Literária (SP), Cooperifa (SP), Nossa Conduta (RJ), APAFunk (RJ), Poesia Maloqueirista (SP), entre outros. Com o escritor paulista Berimba de Jesus, realiza há três anos o Encontro de Literatura Divergente (São Paulo, 2012-13-14). Nelson Maca participou das coletâneas literárias Suburbano Convicto I (SP), Pode Pá Que É Nóis Que Tá (SP), Sarau do Binho (SP) e Poesia Favela (RJ). Organizou os livros Tarja Preta, de Zinho Trindade (EdiçõesMaloqueirista), e A Rima Denuncia, do rapper brasiliense GOG (Global) e escreveu a orelha do livro Colecionador de Pedras do escritor paulista Sérgio Vaz, da Cooperifa (Global).
Assessoria de Imprensa: Ana Cristina Pereira (71 9176-5755)
Contato Nelson Maca (71 3326-4620 e 9274-3396)
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