Com 6 milhões de fãs no facebook e um DVD independente de ouro, novo fenômeno do rap nacional chega ao seu primeiro Álbum oficial.
São nove anos de carreira desde os primeiros duelos de MCs, cinco anos da sua estreia profissional com o show e EP “Carta aos Meus”, mais de seis milhões de fãs no Facebook, um DVD independente que bateu a casa das 25 mil unidades (marca de Ouro), 100 músicas compostas até o momento, pelo menos três sucessos em rádios e uma dezena na Internet, além de três mixtapes e dois EPs que, juntos, venderam mais de 50 mil cópias.
Projota chega ao seu primeiro disco oficial, “Foco, Força e Fé” (Universal Music), com a bagagem de quem um dia já percorreu o circuito underground do rap e as batalhas de MCs, para então ganhar força e popularidade graças ao impulso das redes sociais. Com a contundência de quem se revela a cada rima, o rapper abre seu coração nas baladas românticas, como também nas letras e bases poderosas sobre superação, crime, sexo e crítica social.
Vigoroso e sofisticado, o álbum traz ainda peculiaridades como arranjos de cordas e metais, elementos do pop, do rock ao reggaeton e participações de Marcelo D2, Dado Villa-Lobos, Negra Li e J Balvim. O acabamento minucioso completa-se ainda com a produção e programações de Pedro Dash e Marcelinho Ferraz e a masterização no estúdio Sterling Sound, em Nova Iorque, por Chris Gehringer (de Jay-Z e Kate Perry). Nos últimos anos, Projota ampliou ainda mais o seu público ao emplacar faixa em novela (“Chuva de Novembro” em Guerra dos Sexos) e ao ter a música “Mulher” cantada por Anitta em seus shows. O rapper participou do DVD da cantora com “Mulher” e “Cobertor”, ambas estouradas e de sua autoria. Com uma base consolidada de fãs e de shows, Projota apresentou “Mulher” no Prêmio Multishow, em outubro, enquanto o single “Enquanto Você Dormia”, do novo álbum, uma balada com suingue black, já toca nas rádios.
Depois de tantos anos de ralação, Projota já é realidade. “Para mim é como se fosse um novo começo. Cheguei onde cheguei porque lutei muito. Eu sabia que tinha possibilidade de conquistar o público, meu trabalho tem esse potencial”, diz o rapper. Quatro das músicas gravadas são de sua trajetória independente: “A Rezadeira”, “Carta aos Meus”, “Mulher” e “Cobertor”, esta última disponível apenas para download no iTunes. Na opinião do cantor, “A Rezadeira”, sobre um amigo que se tornou bandido, é a melhor que já fez. Um dia mostrou a faixa para ele: “Eu vi o disfarce e vi seu cano/ Vi você atirando /(…) E vi o seu peito sangrando”. “Primeiro ele chorou, mas depois reclamou: poxa, cara, eu não queria morrer não, muda aí!”, conta. “Fiz então o bandido ressuscitar”.
Uma característica marcante de sua carreira, o rap romântico, está presente nas faixas Enquanto Você Dormia”, “O Vento”, “Mulher”, “Foi Bom Demais” (sobre o fim de seu último namoro) e “Vozes na Sala de Estar”, que também pode ser lida como um acerto de contas com os fãs mais intensos das mídias sociais. Projota conta que cresceu ouvindo a mãe e a avó escutando Roberto Carlos e Julio Iglesias, daí a influência, que se mistura com suas vivências pessoais. “Minha música sempre reflete um desabafo visceral, à flor da pele, por isso que meu público se identifica comigo”, diz.
No rap, ele cita Racionais MC’s, MV Bill, RZO e Sabotage como principais referências. Também foi intensa a presença do rock, por meio do irmão mais velho, ainda mais próximo após perderam a mãe, quando Projota tinha nove anos. Filho de mãe branca e pai negro, ele cresceu entre brancos, criado pelo pai e a avó, descendente de italiana. “E eu, negro de pele clara, branco de pele escura”, diz, em “Carta Aos Meus”. A faixa, última do disco e a primeira de seu EP de estreia, contou com participação de Dado Villa-Lobos, que reproduz, na base da música, os riffs de “Tempo Perdido”, da Legião Urbana, também grande influência. Ao final da faixa, Projota relembra a partida da mãe “Quase consigo ver… Ela estava se preparando para nos deixar”. Em seguida, logo após fazer alusão aos fãs, homenageando-os como membro de sua própria família, Projota constata que é só o primeiro passo, pois ainda há muito para acontecer. E Dado entoa o clássico refrão, fechando um promissor álbum “de estreia”: “Somos Tão Jovens. Tão Jovens”.
Por João Bernardo Caldeira / Novembro de 2014