Por Gizele Martins
[dropcap color=”#660000″ font=”arial” fontsize=”40″]H[/dropcap]á exatamente um ano estávamos pelas ruas do Rio de Janeiro gritando contra a opressão do Estado, contra o extermínio de pobre, contra as remoções e todos os outros problemas consequentes desta tal Copa do Mundo. Historicamente vivenciamos em nossas favelas a opressão deste Estado, de uma sociedade dividida entre ricos e pobres, e que para o seu sustento, necessita fazer de nós favelados – os culpados por apenas existirmos – somos meros trabalhadores do capital.
Hoje, o povo grita Gol, está na frente da TV de verde e amarelo assistindo a Copa das Copas. O nacionalismo e o futebol estão estampados no peito e com o grito na garganta preparado para a tão esperada hora do Gol. O extermínio de pobre, negro e favelado continua, não vai parar, parece que nada nunca vai mudar e o grito contra esta opressão está entalado no peito, na garganta, pois tais opressores são tão inteligentes que fazem a gente nem ter como denunciar e continuar gritando contra eles.
A favela está cercada, oprimida, a força do povo está hoje focada na frente da TV. Os movimentos sociais estão quebrando a cabeça e lutando nem sei mais pelo que, acho que é contra eles mesmos. É importante lembrar que logo depois desta tal copa das copas completamente fora de contexto, é chegada a eleição, e mais uma vez nossas ruas estarão enfeitadas, só que desta vez, não mais pelas bandeirinhas verdes e amarelas, mas por algo bem parecido com isso.
Será a falsa ‘democracia’, onde o povo mais uma vez será colocado na frente da TV para assistir o espetáculo que é este país que se chama Brasil, que escolheu dar lugar mais uma vez a imagem do que ele diz que é, do que realmente ele é, ou deveria ser. Estaremos assistindo nos próximos meses – o pedido de votos – apenas votos. Da Copa aos Votos!