Entrevista: Conheça um pouco do rapper angolano Haudaz

HaudazQuem é o Haudaz?

Haudaz é um jovem, Rapper, Produtor, Professor, Poeta, Escritor e estudante.

Como e quando tomou contacto com a cultura hip hop?

Tornei-me rapper por influência do meu tio, no tempo em que os Rappers como o Xquadrão 8, SsP, Coolio, Tupac, Public Enimy e outros, estavam no auge ou nos ouvidos da juventude, ele era um ouvinte assiduo e isto influencou-me bastante… Nos anos seguintes o meu irmão mais novo, também sofreu a mesma  influência e foi como uma base para mim, por que ele começou a compor primeiro em relação a mim. Tomei contacto com rap, nos anos 97/99, nesta mesma época eu, o meu irmao compunhamos letras que abordam sobre histórias, mas o kuduro, kizombas angolanas e Caboverdianas dominam o meu mundo. Mas defini-me verdadeiramente como rapper nos anos entre 2002/2003 depois de ter me mudado para Luanda.

Sem a cultura hip hop, Haudaz é a mesma pessoa? Porquê?

Hip Hop é apenas o meio onde encontrei facilidade de expor as minhas emoções, revoltas internas e externas… Acho que se não fosse o estilo rap eu faria um semba, raggae, mas sem descartar o conteúdo que até hoje exponho nas minhas faixas. Mas agora é irreversível viver sem o mesmo, é uma espécie de templo onde medito todas as manhãs, tardes e noites, podes crer já não me vejo sem esta cultura, por que me deu uma visão que em outros campos da vida acho que não teria o prazer de recebê-las!

Qual é o legado que o “primeiro grupo de rap” – SSP deixou as novas gerações?

Eu amava o som “olhos café”, em 94 se não estou em erro, eu rezava que a tpa passasse. Com isso quero dizer que de certa forma os SsP influenciou e muito a minha geração, mas hoje percebo que o através do contexto político, eles trouxeram ou confundiram as mentes… mas eles não são o primeiro grupo rap, mas sim o primeiro grupo a tirar um álbum com 70 % do Estilo rap, mas se a história se repetisse, um disco com conteúdo interventivo mudaria ou influenciaria a consciência coletiva (as massas) no dias de hoje.

Qualquer um pode fazer rap? Por quê?

Esta liberdade de qualquer fazer rap é uma idéia antiga, se formos à Grécia antiga veremos que o pensar e a exposição dos conceitos eram para todos, desde que tivesses base, mas poucos ficaram na história por que tinham argumentos menos consistentes em relação aos outros. E eu respeito esta aparição de tantos mcs, mas a realidade é uma: só os fortes prevalecerão!

Como te caracterizas,  rap (underground ou comercial)?

Risos.. O estilo é rap, mas o estado é Underground! Acho que diz tudo.

O que te faz acreditar que és underground e não comercial?

o Underground é apenas um adjetivos, qualifica! Tal como o comercial também não foz a regra, é um adjetivos, enquanto que o comerciante é um nome, eis ai a diferença. E o que me torna Underground é a Profundidade que eu ponho nas letras, as intenções quando estou a compor, a necessidade que sinto de as pessoas ganharem uma consciência mais ampla, o sonho de ter mais bibliotecas, escolas (ensino de base à faculdades), a necessidade de termos mais postos de empregos! E Os termos estão apenas para identificar e mais nada, por que o estilo é rap, mas com conteúdos diferentes. Tem uns com as abordagens que vão de encontro ao povo (problemas sociais) e, tem aqueles imediáticos (busca pelo material e fama).

O atual rap, é o que sempre desejou ouvir? Porquê?

Epa! Ñ e sim, por que há quem ainda respeita O padrão, apesar de outras tendências, influências. E, o que acontece realmente é que existem duas alas; uns mais imidiáticos e outros não imidiáticos e que ainda velam pela informação, tocando na base ou na raiz dos problemas que esta sociedade enfrenta.

HaudazFale-nos do seu Ep “Sanidade Musical” que saiu em 2011, com ele atingiu os objetivo previstos?

Sanidade Musical, nasce no desejo de colocar um adubo ou tijolo neste edifício que é a cultura Hip Hop… A finalidade deste projeto foi trazer uma visão sobre as transformações que as músicas podem proporcionar na vida das pessoas, quer falando de amor conjugal ou ao próximo, incentivando a luta pela concretização dos sonhos e outros pontos… E, é a minha primeira experiência como Rapper e Produtor, as condições não eram como agora, mas sinto que valeu a pena correr este risco, pois o mundo é uma obra que jamais acaba, e temos é a obrigação de cada homem colocar uma pedra neste mesmo edifício em construção, visto que somos passageiros, dizia um sábio, e o hip hop, o rap não fogem a regra. E com este mesmo projeto, eu pude perceber mais sobre trabalhos de estúdios, de produção, pois atualmente sinto um crescimento enorme no toca as produções, a escrita, as relações com outros artistas, e hoje consigo fazer as coisas com mais calma e alguma perfeição.

Sim! Pelas condições de trabalho, acho que a meta que atingi com este projeto, foi agradável, ganhei mais respeito dos manos, principalmente no meu bairro (Samba), apareceram novas conexões, vi pessoas a reverem-se nas músicas, e o projeto continua a andar de bologs em blogs e em redes sociais, enfim.

Este ano lanças o Álbum “A Receita”, que patologias este álbum pretende resolver e que não foram sanadas no projeto anterior?

A receita, é praticamente a continuação do SM, só que com uma visão mais social, visto que no sanidade musical exalto mais o valor da música, aqui a tendência é abordar os males que mais assolam o nosso país e o mundo. A perda dos valores, o consumismo, a exploração, o imediatismo, o nepotismo, as minhas frustrações amorosas, os meus medos, a minha coragem (…) e a idéia é sempre superar e não fugirei a regra!

Em quanto cidadão, é a democracia que forma bons cidadãos ou são os cidadãos que devem amadurecer a democracia?

Num dos versos deste mesmo projeto “A Receita” eu digo que “a democracia não começa no parlamento, mas sim em ti”, Acompanhei um pouco as histórias de certos estados e, percebi ou cheguei a conclusão que são os cidadãos que devem amadurecer a democracia, exigir o  que por políticos foi decretado.

Enquanto rapper e estudante de Sociologia como analisam o comportamento de muitos presidentes africanos ao se apegarem ao poder?

É uma herança, herdada dos colonos, as suas ações refletem as atitudes como de Oliveira, Salazar, Caetano e outros. Se notarmos bem, veremos que estas mesmas atitudes estão se tornar presente na consciência desta nova geração, a minha geração neste caso, pois a uma facilidade de se colecionar inimigos sempre que dizeres o que pensas ou fazer uma crítica, pouco gente é aberta ao diálogo, até mesmos o famosos “Revus”, a quebra dos princípios ou juramentos é comum. E só acho enquanto a fome persistir, e o poder continuar  nas mãos de uma minoria, estas autocracias continuarão.

Que contributo os hipoppers podem prestar para no mínimo reduzir a consciência étnico-tribal em Angola?

Rsrs… Efetuar casamento de mil bakongos com mil senhoras ovimbundas, Rsrsrs… Estou a brincar!!! pelo que tenho notado estas guerras tribais, está mais presente na consciência dos nossos progenitores… E que os hipoppers podem prestar para no mínimo reduzir a consciência étnico-tribal em Angola, serão necessário palestras, informação através da música, publicações de obras literárias que abordam este mesmo assunto, as escolas tem de ser o primeiro pilar neste.

O fato de supostos rappers abandonarem o Rap e executarem outros estilos musicais, é uma questão de liberdade artística ou por uma razão exógena ao movimento?

A mudança de estilos dá-nos várias visões! Tem uns que mudam por carência ideológica, uns por carência financeira, outros pela sede de aparição, então eu vou mais pela liberdade artística e falta de definição para alguns. Tem muita gente que não se conhece, mesmo depois de ter atingido a fase adulta.

Enquanto produtor, achas que alguns colegas seus estão na base da desvirtualização da essência do rap, isto é, submetendo os Mc´s a droparem em beats menos ortodoxos?

Nenhum Mc sério que conheço aceita que um produtor lhe exija a dropar em traps ou outras cenas que não o identifique, e por outra  aqui há uma luta enorme pela aparição e, isto, leva muitos a fazerem cópias. E o rap é um estilo de fusões, mas o que vem para fazer fusão não pode suplantar a essência. E se notares os beats Boom Baps, persiste no tempo em relação há alguns beats da moda que um dia ouvi, hoje poucos querem dropar um raggae tom, mas a 8 anos atras era uma febre!

Quais sãos teus rappers e produtores favoritos?

Haudaz e todos que trazem conteúdos indispensáveis nas suas obras… Produtores, bons e humildes!

O que os teus admiradores podem esperar do Haudaz neste ano?

Muita coisa boa, desde A Receita e compilação (que será produzida inteiramente por mim), uma Beatape vol. 3 Ritmos de Haudaz e mais projetos, para os mais atentos, claro!!!

Faça o download da musica promo do rapper angolano Haudaz no link baixo

http://www.mediafire.com/view/tltge6218t3x3c0/Haudaz_Maturidade_írica_Promo

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