Com sonoridade drill, releitura traz N.I.N.A do Porte com produção assinada por Pedro Apoema
Conforme anunciado especialmente no último dia 3 de abril, data em que o rapper Sabotage faria 50 anos, a Som Livre apresenta nesta terça-feira (18) o primeiro single exclusivo do novo álbum em comemoração ao cinquentenário do artista. Abrindo os trabalhos da frente musical do projeto #Sabotage50Anos, a faixa escolhida para inaugurar a sequência de feats inéditos do Maestro do Canão com a nova geração da música urbana é uma releitura do hino “Respeito É Pra Quem Tem”, que chega com versos inéditos da rapper carioca N.I.N.A do Porte – ouça aqui. A artista também faz parte do videoclipe criado especialmente para este lançamento, que chega ao canal oficial de Sabotage no YouTube na mesma data.
Uma das principais representantes da cena do grime e drill no Brasil, a rapper carioca – que em 2022 apresentou seu primeiro álbum, “Pele”, e conquistou o excelente número de mais de 300 mil streams com uma hora e meia após o lançamento – comenta sobre ter sido escolhida como o primeiro feat deste novo projeto a ser apresentado: “Grandioso ainda é uma palavra pequena pra dizer o que isso significa. Acho que a importância de estar nesse projeto – além do fato de ser algo que vai marcar a minha história dentro do rap – é mostrar que a nova geração já bebeu muito da antiga fonte, e que hoje se a gente consegue falar de coisas pesadas de uma maneira mais didática, a gente tem que agradecer muito ao Sabotage.”
Sobre ter tido a oportunidade de inserir novos versos e fazer sua interpretação deste clássico, N.I.N.A acrescenta: “A minha inspiração foi mostrar que existem várias perspectivas de respeito, e que as pessoas confundem muito outras coisas, como poder e temor. Esse é um conceito reinventado dentro de vários contextos sociais. Eu quis falar sobre o que a galera de onde eu vim entende como respeito e mostrar que respeito é tudo que a gente tem mesmo. O resto não vale de mais nada.”
Com produção assinada por Pedro Apoema, a track aposta em uma sonoridade drill – subgênero do rap que, assim como N.I.N.A, também domina -, e combina versos originais na voz de Sabotage à novas rimas trazidas pela artista convidada. O produtor, por sua vez, também fala sobre o novo beat desenvolvido especialmente para a faixa: “Trabalhamos com dois beats, um pra parte da N.I.N.A e outro pra do Sabotage. No primeiro quis trazer uma brasilidade mais forte, mas mesmo assim algo denso, e no segundo tem uma estética mais gringa.”
Com direção assinada por Gabe e Doug Martins, o clipe tem como cenário real a favela do Boqueirão – lugar onde Sabotage morou a partir do ano 2000 – e apresenta ao público elementos saudosos, que se relacionam com a imagem e a memória do rapper. Mostrando a realidade local por meio de takes que retratam os moradores, cores e texturas, a narrativa é conduzida através do olhar de uma personagem central que, em meio à dor de uma perda, vive o dia a dia da comunidade sem deixar de mostrar a sua força, representada por passos de dança contemporânea.
Além de N.I.N.A do Porte, outros nomes foram convidados para os feats, como Apelidado Xis, Filipe Ret, Bivolt, Orochi, Amabbi, Djonga, Sant e Bk. O álbum – que tem previstos ainda o lançamento de outros singles antes do produto final, estimado para novembro – tem direção musical assinada por dois grandes produtores da cena urbana que trabalharam com Sabotage em vida, Tejo Damasceno e Zegon, e ambos são categóricos ao afirmar que o rapper aprovaria o relançamento das faixas com nomes da nova geração.
“Não imagino ideia melhor do que a de misturar várias gerações do hip hop, de vários estados brasileiros, para celebrar os 50 anos do Sabotage. Ideia que se estivesse entre nós, com certeza ele mesmo a teria ou aprovaria. Sem palavras poder fazer parte disso e contribuir neste trabalho que mostrará o carinho e o respeito que temos pelo eterno amigo e gênio da sua arte”, diz Tejo Damasceno.
Zegon completa: “Nosso mano Maurinho sempre esteve à frente do seu tempo. Em 2002 já rimava com flows que só surgiram 10 anos depois, não tinha barreiras em misturar estilos, e certamente hoje estaria junto e misturado com a nova escola. Ter chance de conduzir e apresentar o trabalho do Sabotage como seria hoje para a nova geração é de uma honra sem tamanho. Com muito respeito, tocar novamente na obra que ajudamos a criar no passado é indescritível”.
Idealizado pela filha do artista, Tamires Rocha, e com o apoio do irmão, Wanderson dos Santos, o Sabotinha, o projeto #Sabotage50Anos foi desenvolvido como um presente da família para os fãs, em celebração à trajetória e ao significado da obra de Sabotage não só para a música urbana, como também para a cultura brasileira. Além do álbum a ser lançado pela Som Livre, o projeto inclui ainda livro biográfico ilustrado, exposição imersiva, série de curta metragens, filme, linhas de roupas, acessórios e itens de papelaria.
Sobre Sabotage
Nascido Mauro Mateus dos Santos, na Zona Sul de São Paulo, Sabotage teve uma carreira de apenas quatro anos, mas que mudou para sempre a cena do rap nacional. Assassinado pouco antes de completar 30 anos de idade, em janeiro de 2003, o artista é até hoje ovacionado pelas letras contundentes de faixas como “No Brooklin”, “Cantando Pro Santo” e “O Rap É Compromisso”, sendo esta última também o título de seu primeiro e único álbum de estúdio lançado em vida, no ano 2000. Em sua ascensão meteórica enquanto um dos porta-vozes da realidade das periferias de São Paulo, Sabotage ficou conhecido também por sua história de superação, tendo largado o mundo do crime para se dedicar à música e emprestado sua vivência a grandes produções do cinema nacional, nos filmes “O Invasor”, de Beto Brant, e “Carandiru”, de Héctor Babenco.
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