Brasiliense Olie dá mergulho no rap, grime e discute racialidade em novo EP

Olie. Foto: Thaís Mallon/Divulgação

Artista apresenta primeiro EP onde discute racialidade e temas sociais

Anos atrás, Oliver Alexandre, usava como nome nas redes sociais: Oliver Darshan, uma referência à banda que o fez ficar conhecido na capital federal. O Darshan é uma banda de rock e foi neste estilo que Oliver se envolveu e trabalhou nos últimos anos, agora ele dá um mergulho no rap e apresenta o primeiro EP “Do Céu ao Inferno” com a nova alcunha: Olie.

“Muitas pessoas não sabem, mas meu primeiro contato consciente com música foi com o rap. Cresci e vivo em Sobradinho 2, foi com essa cultura que eu cresci, nessa realidade latente da periferia onde a cultura Hip Hop vem sempre mostrando uma nova saída, conscientização pela arte de expressão de rua. Eu acabei entrando no rock um bom tempo depois por simplesmente não me achar um letrista a altura de escrever rap e foquei no instrumento [guitarra], que acabou me levando pro rock”, conta Olie.

No meio da pandemia, sem poder tocar, o artista percebeu que era hora de vender a guitarra e montar um home studio. Mais maduro, foi buscar as raízes musicais que o trouxeram até aqui. O EP com 4 músicas vai para estilos diferentes, indo do pop ao rap, com influências do funk, afrobeat, R&B, do trap e do drill (estilo que nasceu em Chicago, nos Estados Unidos e é uma vertente mais sombria do trap, que incorpora a violência explícita).

O mergulho não é à toa. Olie faz o ouvinte navegar pelas canções que começam falando de um amor inocente e apaixonado em “Janelas”. Música solar e dançante que termina falando sobre amor-próprio. Em “De onde a gente vem” traz críticas sociais e raciais, com destaque para a liberdade feminina e companheirismo em mais uma música com o R&B latente e pronta para bons inícios de festas. O clima vai ficando mais pesado em “Vamo ver no que dá” e “Clack”, em que as críticas são mais fortes e tratam de temas políticos, raciais, sociais e religiosos bastante atuais, misturando com experiências pessoais e ideias incendiárias e violentas. A última, inclusive, é referência o engatilhar da arma, deixando-a pronta para atirar.

“Sempre escrevi expressando em palavras o caos entre o sentimento e o pensamento. Senti a necessidade pessoal de falar o que há muito estava preso dentro de mim de forma mais direta. Creio que muito disso se deu também pelo fato de eu ter muito mais liberdade na escrita, na fala e nos temas dentro do Rap. Não podemos esquecer que passamos por um momento político muito sombrio no nosso país, que não só escancarou, como aumentou violentamente vários abusos e absurdos contra praticamente todas as áreas. Principalmente para os menos favorecidos, para as minorias e com todo esse acesso às redes sociais amplificado pela pandemia, esses abusos e absurdos vem sendo expostos e debatidos de forma incansável. A ponto de ser praticamente impossível não abordar tais temas de forma tão direta”, explica Olie sobre a temática do EP.

“Do céu ao inferno” tem produção do próprio Olie em parceria com Pedro Tavares (1234 Recording Studio) e colaboração com os produtores Lil J (Studios 7), Vivari (Under studios) e M&V Recording Studio.

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