Entrevista: QXÓ
Repórter: Gustavo Silveira
Editor: Rociclei
Na sexta-feira, dia 15/05, Qxó lançou “Peruana”, o segundo EP de sua carreira solo. Promovido pela Universal Music, o trabalho contém 6 faixas, 3 das quais saíram como single. A primeira, “Como que eu fico”, com o cantor Ferrugem, já está na pista há cerca de um ano. A segunda, “Piei brotei”, veio em sequência num ‘feat’ com Sain, parceiro dos tempos de Start Rap. A terceira e última é um single que saiu no mesmo dia do álbum completo, acompanhado de lyric video, “Prometi nada”, e conta com a participação de Luccas Carlos. Ambas foram produzidas por Papatinho.
O Polifonia Periférica recebeu um convite especial da gravadora para uma entrevista exclusiva com o artista sobre esta nova fase de sua carreira. O rapper promete um trabalho pé no chão, com músicas sobre a vida real e o resultado dessa nossa troca de ideias. Você confere na sequência:
1- Você apareceu na cena do rap trabalhando com o Start. O que mudou entre produzir seu trampo solo e produzir um trampo em grupo? Pode citar também um lado bom e um lado ruim de cada uma das duas formas?
O que mudou é justamente o lado bom e o lado ruim. Quando você compõe em grupo, você tem a ajuda dos seus companheiros para fazer a música, mas em contrapartida sua música não sai cem por cento como você queria porque tem que respeitar outras opiniões. Já no trabalho solo a música sai do jeitinho que você quer e você não é obrigado a respeitar a opinião de ninguém. Mas também não tem a ajuda de um fiel escudeiro que é um companheiro que grupo.
2- Até onde o trabalho novo é inteiramente solo? Há algumas participações e diferentes produtores. Como você fez para encaixar tantos convidados distintos no conceito do álbum?
Sim, como eu disse na pergunta anterior, fiz uma coisa totalmente com a identidade do Qxó e a identidade do Qxó pede para a música nascer naturalmente. Eu vim com produtores como Lyefe, Logri (Alivebeats), Nave, Boriccelli e Papatinho. São pessoas com quem eu sempre me identifiquei musicalmente e entendem perfeitamente o que o Qxó precisa.
3- A maior explosão do número de artistas e produtores do rap nacional se deu na última década. A sua carreira foi construída justamente nesse momento e acompanhou de perto essa transformação. O que você acredita que foi o diferencial para a sua aparição na cena?
Estar junto e ser amigo íntimo dessa geração que você diz que apareceu na década de 90. Ou seja, estar no lugar certo na hora certa.
4- O que torna o álbum “Peruana” inovador num mercado saturado de novidades?
A diversidade musical dentre as vertentes do RAP.
5- Referências próximas e distantes: quem são os seus mentores na pista, nos palcos e no cenário musical em geral?
Referências próximas são: Marcelo D2, MV Bill, Cassiano e Sabotage. As distantes são: Nina Simone, Travis Scott, Pharrel Willians, Jay Z e Notorious B.I.G.
6- Você sempre foi muito carismático e irreverente na forma de colocar as palavras nas rimas, muito pelas dobras bastante originais e pelas caras e gestuais que usa nos clipes. De onde vem essa sua forma ousada de se colocar nas músicas e como você a explorou no trabalho atual?
Bom, de onde vem eu acho que só Deus pode dizer. Mas eu explorei de uma forma de que eu já tinha entendido que eu era assim na minha vida inteira. Não só nas músicas, no modo de me vestir ou nas minhas expressões corporais e gestuais, eu sou assim o todo tempo. Pode perguntar a meus amigos e familiares.
7- Alguma curiosidade ou vivência inesperada que você possa nos contar sobre o período de produção do disco?
Tenho duas histórias interessantes: Quando entrei no Papatinho, eu entrei pra fazer um disco colaborativo com outra pessoa. Mas, graças a Deus, tudo tomou outros rumos e o disco virou Peruana. Outra coisa curiosa foi o fato do Ferrugem ter se mudado para um condomínio em frente à Papatunes (estúdio do produtor Papatinho). Eu mostrei a música pra ele no whatsapp e ele gostou muito. Eu falei que estava com ideia de botar ele na voz e ele gostou mais ainda. Ele perguntou onde eu estava eu falei estou na porta da sua casa e ele disse pera ai estou indo ai agora. Ele chegou lá em 10 minutos, pediu pra ouvir a musica no fone de ouvido, pegou os tons da música de ouvido fácil, entrou pra gravar e se encaixou como uma luva.
8- Para finalizar, por que e por quem “Peruana” deve ser ouvido?
As pessoas devem escutar porque as músicas falam sobre coisas reais que acontecem na vida. Quem deve escutar é quem gosta das coisas reais que acontecem na vida.
Esta foi mais uma entrevista exclusiva do Polifonia Periférica. Esperamos que tenham curtido! Corram nos canais oficiais do artista para ouvir o trabalho completo. Em breve voltaremos com mais novidades da cena cultural.
Gustavo Silveira, a.k.a. Caliban, Polifonia Periférica.