Há muitas verdades a serem ditas e inúmeras experiências vividas a serem compartilhadas através da arte. Com o rap não é diferente. O movimento LGBT+ tem ganhado cada vez mais força dentro do cenário nacional. Ainda muito marginalizadas, as pessoas desse movimento de resistência vêm ocupando os espaços aos poucos e, quando ocupam, pode ter certeza de que não é pra falar em vão.
A Mestre de Cerimônia AriEX vem justamente para provar esse ponto. Com a língua afiadíssima e muita bagagem nas costas, a poeta traz nas linhas a mais pura vivência das favelas paulistanas, mais precisamente da comunidade do Elisa Maria.
AriEX representa as bichas faveladas na sua mais sólida forma, totalmente crua, direta e feminina. Tal força fica explícita no seu lançamento de estreia, o vídeo-poesia da introdução de B.B.L.B. (Bichas Burn La Babylon ou Bicha Beta Língua de Bereta), seu primeiro EP com previsão de lançamento para a segunda metade do ano.
Ferozmente ela aponta, sob a ótica de uma bicha, a realidade cruel da periferia paulistana. Na intro, a rapper narra de forma atemporal a sua rotina na favela, acusando o descaso e a violência policial, por exemplo.
Em parceria com a produção do Slam do Pico, a poesia foi registrada e editada por Daniel Cavalheiro na Comunidade Cultural Quilombaque, em Perus, São Paulo. O fato de a letra não ser acompanhada por nenhum tipo de instrumental deixa a mensagem ainda mais cru e palpável. Simples e direta, essa é AriEX, a Bicha Beta.