Seguindo com as ações que antecedem a estreia de seu próximo disco, Thiago Elniño apresenta mais uma inédita do aguardado “Pedras, Flechas, Lanças, Espadas e Espelhos”. Dessa vez, em um rap que fica entre um trap com texturas orgânicas e o boombap, “Pretos Novos” vem, agressiva e direta ao ponto, inspirando-se em nomes como Dead Prez, N.W.A., EarthGang, Marcus Garvey e Malcolm X.
“Em algum momento, o rap brasileiro da década de 90, que trazia um discurso cru e forte contra o racismo, passou a ser apontado por uma nova geração como algo superado, liricamente empobrecido, repetitivo, careta e até inocente em sua fé de que alguma coisa pudesse realmente mudar. Só que foi justamente esse rap que não só nos inspirou como também deu esperança e motivou a começar e continuar produzindo. Por isso, respeitosamente tentamos manter viva aquela energia. Nesse som, estou dizendo que por mais que esteja difícil, a gente vai morrer lutando, cantando e acreditando que o dia dos pretos vai chegar. Aliás, morrer lutando é um traço de dignidade e respeito ancestral para nós”, ressalta.
Na letra, as rimas debochadas do artista o colocam no papel de um personagem mais velho, além de zombeteiro, tal qual um Exú, encontrando eco com o papo reto de Vibox, Anarka, D’Ogum e DenVin, todos integrantes do grupo Projeto Preto, junto DJ Gabs, membros da nova escola no rap paulista.
No videoclipe produzido para esse trabalho, sob a direção de Lincoln Pires, um plano sequência impacta quando, logo nas primeiras imagens, mostra um jovem preto sendo velado dentro de casa, dando a impressão de que aquela é uma realidade comum. E, de fato, é. Isso porque, de acordo com o Atlas da Violência 2019, 75,5% das pessoas assassinadas no Brasil são negras. A mensagem que fica, nas entrelinhas e fora delas, é um grito de basta.