Salve, salve! Hoje o Polifonia vem trazer uma pitada do que foi a passagem de Diomedes Chinaski pela cidade maravilhosa. Na sexta-feira, dia 03/04, o pernambucano tomou conta da noite carioca no Teatro Odisséia, uma das casas mais emblemáticas da história do rap nacional por ter sido, diversas vezes, sede da Liga dos Mc’s e estar situada no berço do rap do Rio de Janeiro, o bairro da Lapa.
Na abertura do evento esteve Aika Cortez, uma jovem expoente de São Gonçalo que é militante dos movimentos negro e feminista, acompanhada da excelentíssima Dj N-boob fazendo as honras da casa. Também nas pick-ups, Dj MSE deu sequência à festa e chegou junto com muito rap pesado no set. A primeira das principais atrações foi Thai Flow, que vem ganhando projeção nacional cada vez maior. Ela bradou no microfone, com orgulho, a sua vitória – trocou o mundo da prostituição pelo mundo da arte e têm obtido absoluto êxito em sua escolha. Para fechar a primeira metade do evento, antes da entrada do convidado de honra, Akira Presidente, a.k.a “O Father”, esbanjou toda a irreverência do “Bloco Sete”, crew que domina a cena no centro do Rio de Janeiro há anos.
Em meio à crise social, política e econômica vigente na cidade e no país, a casa não atingiu sua lotação máxima, aliás, o bairro inteiro, uma das áreas mais badaladas do mundo da curtição noturna, não tem ficado tão abarrotado como em outras épocas. Contudo, o público compareceu em número suficiente para uma bela recepção: quem estava na pista de dança esbanjava disposição. O evento já havia sido cancelado duas vezes, o que instigou mais ainda os fãs que ansiavam pelo encontro com um dos liricistas mais ácidos e lúcidos da geração atual.
Trocando poucas palavras com o público, de semblante fechado mas energia sobrando ao cuspir barras venenosas, Chinaski fez de tudo no show: cantou lovesong sentado numa cadeira, pulou em cima do palco, lançou versos acapella, desceu mais de uma vez para o meio da plateia, participou de roda punk e, na reta final, jogou a energia lá no alto com “Sulicídio”. Foi a única música com participação em que ele cantou mais do que o próprio verso, e ainda corrigiu as poucas partes desnecessariamente ofensivas escritas por Baco! Em suma, foi um show completo para quem aprecia a escola dos “Bruxos Lendários do Norte”.
Ao final da festa, já no camarim, o artista disponibilizou um pouco de seu tempo, assim como fizeram Akira, Thai Flow e a Deputada Dani Monteiro do PSOL, que também estava presente no evento, para dar uma palavrinha com a equipe do Polifonia Periférica que compareceu com o time completo e fez a cobertura da noite toda. As entrevistas e um release do evento, em vídeo, serão divulgadas nas nossas redes sociais nas próximas semanas. Acompanhe conosco o debate que propusemos sobre o conceito Comunista Rico diante de um cenário tão apocalíptico para a cultura e para os direitos sociais no país.
Texto por Gustavo Silveira, a.k.a. Caliban, Mosca Produções & Polifonia Periférica.