MCs do Brasil e Portugal se juntam em “Língua dos Campeões” para falar de suas visões e vivências em cypher inédito

Laboratório Fantasma e a produtora portuguesa Faded montam um time de artistas representantes do rap dos dois países em faixa lançada em streaming e videoclipe

Várias nações possuem ligações ao redor do globo, mas Brasil e Portugal, além da língua, têm um passado que guarda laços culturais e a dor causada pela colonização que forjou o povo que somos hoje. Não teria forma melhor de unir artistas para botar o dedo na ferida e também celebrar esse elo do que pelos versos do rap. Trazendo oito MCs, sendo metade vindos do Brasil e a outra de Portugal, a Laboratório Fantasma (BR) e a Faded (PT) se uniram e lançam hoje o single “Língua dos Campeões“. O formato escolhido foi o cypher, em que o instrumental conduz a ideia que os rappers desenvolvem em forma de rimas.

Enquanto a música serve para apresentar as vozes e as ideias, o clipe, dirigido por Pedro Simões (Opac Studio) e gravado em Lisboa,  mostra o rosto e um pouco da personalidade de cada um dos artistas. Do lado do Brasil, KamauRincon SapiênciaRashid e Drik Barbosa formam o time de rimadores, fechando o bonde com o DJ Nyack. Pelo lado de Portugal estão os MCs PapillonSir ScratchHolly Hood Gson, além do DJ Big. A ideia da música veio do empresário e CEO da Laboratório Fantasma, Evandro Fióti. “Quando surgiu a ideia do show em Portugal – que juntou no mesmo palco do Summol Fest, em julho desse ano, um time de rappers brasileiros e portugueses –  senti que faria sentido gravarmos uma música inédita para registrar essa colaboração transatlântica de forma a aproximar ainda mais o rap feito no Brasil do rap feito em Portugal, mostrando os sotaques, as semelhanças e as diferenças”, conta.

O time de artistas foi escolhido em parceria, sendo que Fióti fez o selecionado “zuca”, forma como os brasileiros são chamados em Portugal, enquantoVasco Ferreira, também conhecido como Sensi, fundador e co-proprietário da Faded, escolheu o time “tuga”, jeito que os portugueses são chamados pelo público de rap. “Optamos por escolher artistas do gênero que representassem bem o que de melhor vem sendo produzido nos dois países”, reflete Fióti. No entanto, a integração do rap português com o feito no Brasil serve também para mostrar que estamos mais próximos do que distantes. Em Portugal, a música brasileira é muito consumida e o rap lá tem uma força muito grande, inclusive aquele feito no Brasil. “A intenção é cada vez mais unir os mercados de língua portuguesa, não só ficar restrito a Portugal, mas trabalhar a questão da lusofonia, incluir os mercados africanos lusófonos também no futuro, levar a língua portuguesa mais longe por meio do rap”, completa.

Pensando em dar uma unidade musical para diferentes talentos, o produtor convocado foi o florianopolitano Nave Beatz, que já trabalhou com Emicida, Marcelo D2, Karol Conka e outros grandes nomes do rap brasileiro. “Há muitos tipos de rappers nessa faixa, precisávamos de um produtor que conseguisse ter a leitura de cada um individualmente, mas que conseguisse unir esse caldeirão em uma produção forte e marcante. Não foi fácil, mas o Nave tirou de letra”, pontua Fióti.

União

Entre os MCs o que prevaleceu foi a união. “Fico feliz com a união que o hip-hop proporciona no mundo, em como o movimento (e no nosso caso, o rap como elemento) tem essa força de unir, trazendo essa ligação mesmo com pessoas de outros países. Foi incrível fazer parte do cypher, poder passar minha mensagem e conhecer MC’s que amam o hip-hop tanto quanto eu”, explica Drik Barbosa. O tema escolhido para os versos foi livre, mas a comparação de visões e vivências de cada artista acabou falando mais alto. “O mais legal de ter feito esse som foi entender as semelhanças e diferenças que temos falando o mesmo idioma, em diferentes continentes. E a abordagem de diferentes gerações. Foi importante retomar essa conexão com nosso pessoal do outro lado”, conta Kamau.

O rapper Gson conta  que sempre foi um sonho seu poder levar as vivências e a arte feita em Portugal para o público brasileiro. “Gostaríamos que essa música se tornasse uma ponte capaz de ligar os dois países e estabelecer uma rota saudável de comunicação, usando o hip-hop como nosso anjo da guarda. É claro que precisamos de mais eventos e mais oportunidades para apresentarmos a nossa arte e tornarmos a nossa música um produto válido num território não nosso. Mas os primeiros passos já foram dados, vamos ver o que o futuro nos reserva”, sonha. Sir Scratch, outro MC português, acredita que essa união possa ir muito além. “Um motivo pra que se unifiquem mais estes dois países que tanto têm em comum, não só a língua, mas mesmo a história, a cultura, e nada melhor do que a música para estreitar essa ponte”, diz.

Juntando um time com tantos talentos, a responsabilidade de escrever uma boa rima aumenta. “A verdade é que na hora de compor meu verso pra esse som, eu já tinha em mente que nossos irmãos tugas têm uma técnica apurada na escrita, então eu queria mostrar que isso também faz parte da nossa cultura. Sabia que eles viriam pesado e já me antecipei pra manter o nível“, finaliza Rashid.

“Língua dos Campeões” é uma realização Laboratório Fantasma Produções e Faded e já está disponível em todas as plataformas de streaming e também no canal do YouTube da Lab Fantasma.

 

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