Diomedes Chinaski tomou de assalto a cena do rap nacional e é hoje um dos grandes nomes da cena nacional. Uma nova página de sua história está sendo escrita com sua nova mixtape Comunista Rico lançada nesta quinta-feira (28), que Diomedes compartilha o microfone com um team de craques como Cacife Clandestino, Don L, Zaca de Chagas, A Orquestra Imaginária, Raffa Moreira, Djonga, Coruja BC1, Jovem Esco, Makalister, Síntese, Nego Max e Luiz Lins. A proposta de Comunista Rico é apresentada em 12 músicas que trazem uma sonoridade “experimental” ou “pós-trap” como define o próprio artista. A direção executiva é assinada pelas mulheres negras da Aqualtune Produções e os instrumentais recebem a assinatura de nomes como Dario, Mazili e JNR Beats, você ouve no player no fim da matéria.
Comunista Rico é inspirado na participação de Diomedes na música “Aquela Fé, faixa do excelente disco Roteiro Para Ainouz Vol. 3 (2017) do Don L. Com base nessa expressão Diomedes forjar um universo apresentado nas12 canções. No disco Diomedes inverte a lógica do comunismo idealizado por Karl Marx e o adapta a realidade contemporânea. Dentro dessa nova lógica ninguém ficaria sem nada e todos gozariam de todos os prazeres da vida.
As faixas dialogam bem com esse conceito com muito lirismo e ricas metáforas. Com caneta pesada Diomedes aborda racismo, capitalismo e a política de extermínio que visa os corpos dos jovens negros e pobres da periferia sempre se posicionando de modo veemente. Diomedes consegue construir uma narrativa que dialoga com seu passado em Jardim Paulista-PE e seu momento como artista nacional, e ao mesmo tempo faz uma projeção para o futuro. Há espaço também para abordar questões de relacionamento no melhor estilo Bukowski.
No tocante a estética sonora, Diomedes Chinaski vai do boombap ao trap passando pelo trapfunk com muito bom gosto e qualidade. O disco expõe as influencias dos ritmos da favela no trabalho do rapper pernambucano. Diomedes nunca escondeu sua admiração por todas as manifestações sonoras vindas das periferias. No disco, Diomedes faz uma antropofagia de todas essas manifestações. O rapper segue os passos de Bukowski, que privilegiou a vida marginal ao sonho americano. Se Bukowski foi o porta-voz dos “anjos caídos” da América, Diomedes Chinaski pode ser um dos o porta-vozes dos “anjos caídos” da periferia.