Netão Influência, de Mc a professor, com educação por meio de rimas, cria um novo conceito pedagógico e anima as salas de aula.
Por Beatriz Ramos e Guilherme Bampa
Fotos: Fernando Netto
Com uma mente aberta e atenta às questões mais finas da quebrada, Netão, um cara de sorriso fácil, leva em sua mala rimas, histórias, muita poesia e despeja tudo isso em sala de aula. Para muitos professores, sua abordagem é mais uma “bagunça disfuncional”. Para Netão e seu pessoal, a coisa é séria: rap é compromisso.
José Francisco Neto (Netão), do grupo Influência Positiva, vê o rap para além dos palcos. Com idades entre cinco e 15 anos, seus alunos são alfabetizados, aprendem história e literatura através da cultura hip-hop.
O rapper-educador atua na periferia de Cotia (SP), em bairros como Parque Alexandre e Parque Mirizola. A maioria dos alunos é selecionada pela prefeitura e frequenta as ONG’s que Netão atua em razão de sua maior vulnerabilidade social, dificuldade de criar vínculos, de aprendizado, ou mesmo financeiras.
Uma delas é o CEPAE (Centro de Profissionalização e de Apoio ao Emprego ) do Parque Alexandre, coordenado pela educadora Isabel Villalobos. O Centro é vinculado à Secretaria de Assistência Social de Cotia e tem como missão fortalecer vínculos, desenvolver atividades lúdicas e atuar como uma espécie de reforço escolar.
“O trabalho que o Neto faz, envolve o estimulo de rimas e aliteração, e gradualmente vai introduzindo à criança a distinguir os sons da língua. Essa é uma outra maneira de tratar o desenvolvimento linguístico da criança, sendo algo que vai se refletir no desenvolvimento da alfabetização e vocabulário”, diz a coordenadora do projeto.
Questionada sobre o melhor modelo educacional, Isabel diz que “é muito comum as modas pedagógicas”, mas para ela “abrir mão do modelo é a saída, [pois] não existe um modelo salvador, existe aquele que dá certo para determinado grupo de crianças. A função da escola deveria ser permitir que diversos talentos se desenvolvessem, eu acho que a nossa escola de hoje, foi produzida por uma elite cuja a única função é conduzir só para o vestibular, ela tem excesso de matérias acadêmicas, desconhece que hoje outros talentos podem até conduzir para maior sucesso social e econômico, como a arte ou o esporte”.
Fonte/texto: Vaidapé