Ser mulher, uma resistência diária

luta mulherPor Gizele Martins

[dropcap color=”#660000″ font=”arial” fontsize=”40″]R[/dropcap]esistência é a primeira palavra que me vem à cabeça ao lembrar da mulher, ao lembrar de todas as mulheres faveladas, negras, mães, trabalhadoras, estudantes, lutadoras. Dia 08 de março é considerado o Dia Internacional da Mulher, mas é mais que necessário um dia para lembrar o quanto o número de meninas, de crianças, de adolescentes, de jovens e de mulheres que são violentadas todos os dias pelo fato de serem mulheres.

Nós temos que todos os dias lutar contra esta sociedade do espetáculo e machista que põe sempre o corpo da mulher em um simples outdoor, fazendo dela, fazendo de nós meras mercadorias para que alguns lucrem com o nosso próprio corpo. Só no Brasil, segundo o estudo mais recente do Ministério da Justiça, 50 mil mulheres são estupradas por ano. “É como se existisse um toque de recolher, como se a rua à noite fosse lugar apenas para homens. Para esta sociedade machista, a mulher que estiver na rua depois de um certo horário ‘boa coisa não é’. Rola um super preconceito, e rola da nossa parte um grande medo”, disse Pamella Magno, estudante e comunicadora comunitária.

Para este artigo, assim como Pamella, entrevistei outras companheiras da comunicação comunitária e que são voluntárias também do Jornal O Cidadão da Maré, e elas relatam a importância do que é o dia internacional da mulher e falam ainda sobre o seu dia a dia: Valdirene Militão, de 42 anos, moradora da Maré, mãe de três filhos e estudante de jornalismo, diz que ser mulher “É ter que mostrar o tempo todo a nossa capacidade, competência, criatividade, e ainda ter que tirar esse rótulo que mulher é só peito e bunda. Somos muito mais competente em diversas áreas que o homem, sem contar que temos que ter jogo de cintura para cuidar da tripla jornada trabalho. Casa, marido, filhos, e isso quando não estuda também. Ser mulher é ter que mostrar aquilo que nós já sabemos. Que somos muito melhores em tudo que fazemos”, afirma.

Gizele Martins

Outra comunicadora comunitária, Thais Cavalcante, finaliza dizendo que ‘Lutar pelo direito da mulher é tratar nós mesmas e as outras mulheres com respeito, sem pré-julgamentos ou preconceitos. É mostrar pra sociedade, principalmente para os homens que podemos e somos independentes, fortes, guerreiras e por já conquistar tanta coisa, não podemos parar de lutar. Seja protestando, denunciando, atuando socialmente ou psicologicamente. Viver é querer ter direitos e ser respeitada por isso. E ser mulher já é uma luta!”, conclui.

Gizele Martins é jornalista, repórter e editora do jornal comunitário ‘”Cidadão, que circula na Favela da Maré.

 

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