Em julho de 1990 surge o Estatuto da Criança e do Adolescente, mais conhecido pela sociedade brasileira por ECA. O ECA foi especialmente concebido para revelar os direitos e os deveres das crianças e dos adolescentes. Além de dos direitos e deveres dos adultos. Um questionamento é inevitável: com 24 anos de existência serão que o ECA vem cumprindo seu papel? A realidade mostra que não. Foi isso que motivou o inquieto, questionador e contestador rapper e ativista paulista Pirata a desenvolver, por conta própria, o mini documentário “Sociedade em conflito com a lei ECA”. Com a câmera nas mãos, conversou com jovens da periferia e em apenas nove minutos e quarenta e sete segundos Pirata evidenciou a grande distância entre a teoria e a prática. A precisão de rapper Pirata deve-se a sua militância e ao trabalho que vem desenvolvendo de forma incessante há anos com relação ao genocídio de jovens pretos e pobres e o preconceito gritante contra os mesmos. A experiência das favelas, periferias e guetos de São Paulo mostram o descompasso entre a lei e a prática e é essa reflexão que rapper Pirata que promover com seu documentário simples, mas preciso e eficiente em sua proposta.
Outro fato que chama atenção no documentário é que os jovens entrevistado não demonstram nenhuma preocupação com os “relezinhos”. Fenômeno que tomou conta das mídias e das análises e sociais e políticas nas ultimas semanas. Como poderá ser visto que alguns jovens ignoram tal fenômeno e sua maior preocupação é sobreviver entre a violência do crime e superar as difíceis condições de pobreza imposta.
As vidas ceifadas, a falta de direitos e respeito e principalmente a falta de perspectiva dos jovens das periferias de todo Brasil mostram que estamos muito longe da uma comunhão entre teoria e prática. Mais que isso, não há por parte das autoridades o mínimo esforço para que a o ECA sai da teoria e se torne prática e salve milhões de vidas que se perdem de forma prematura nos lugares onde a pobreza e a miséria reinam.