Surge o mês que permeou dias e noites de planejamentos. O olhar fixo a cada data, buscando a cada momento ocupar uma agenda, ocupar espaço, trabalhar.
E aqui partilho com vocês a alegria de anunciar, quatro anos depois, o lançamento do meu novo CD ‘O Canto dos mártires’
Esse álbum é um convite a cada uma e cada um que diariamente lutam por nosso povo, lutam por nossa música. O Capital todos os dias trabalha para silenciar e para omitir nossa música, e quando cito nossa, refiro-me sim a um Rap comprometido, mas não com este mesmo Capital e suas ferramentas: individualismo, consumismo e dominação ideológica.
Eles dizem que esse Hip Hop morreu, aliás.. “militar o que?’ Mas se isto realmente aconteceu eis aqui um mártir, nós somos!
Só eu sei quão difícil é conquistar isto. Caminhos que trilhei, de noites longe da família, de lágrimas, do abatimento causado pela inveja e o sentimento de desistência que a cada dia batia mais forte, são elementos que trazem a verdade neste trabalho.
O cansaço e a desistência foram fortes, mas eu venci. E a vitória além de cantada, também será ESCRITA!
Ontem, dia 31 de julho, fiz a última reunião com a Editora, e meu primeiro livro ‘Sem rosto, família ou nome’ também nasce este mês
Nasce, pois está em gestação desde 2005 quando lancei meu primeiro fanzine, cresceu e foi alimentado quando criei o Sarau Samambaia Poética, e quando distribui poesias em paradas de ônibus e no metrô no projeto Poesia em Coletivo as contrações foram fortes.
Antes de finalizar, a memória de meu avô vem à mente. Pedro Dantas em sua mocidade era repentista e cordelista. Com ele, lá no interior da Paraíba tive o primeiro contato com a poesia, ouvindo seus poemas e causos.
Em 2009 o homenageei com a capa do CD e lançando este livro sinto a presença de meu avô. Uma presença que não está em foto, pois quantas vezes ficava envergonhado em abraçar um idoso. Hoje, não mais uma criança/adolescente com falsas rebeldias eu sinto tamanha saudade e vontade de voltar e registrar aquele sorriso honesto e os belos olhos verdes num rosto cansado de trabalhar no campo.
Que vontade de sentar a sala e responder todas as perguntas possíveis. Meu avó era analfabeto, mas aprendeu a ler sozinho, decorando cada frase, cada palavras dos livros que lia.
Perguntas como “você sabe quantos km tem o rio Amazonas?” eram constantes. E ele tinha a resposta disto e tudo na ponta da língua.
Minha poesia nasce ai, no interior paraibano, a partir da sabedoria do povo nordestino. ‘Sem rosto, família ou nome’ é esta memória de luta, é meu primeiro livro!
Nasce na luta e pra luta. Não será produzido por empresários ou empresárias do ramo, mas por moradores e moradoras da cidade Estrutural. A capa não será brilhante ou luxuosa, mas reciclará a vida em papelões jogados no lixo e esta beleza supera quaisquer estereótipos.
A você que acredita em minha poesia, que canta em um evento, que toca na rádio, que curte uma postagem ou chama para conversa e diz: “seu som é da hora”, a minha profunda gratidão, vocês são cúmplices desta felicidade, vocês são responsáveis por este trabalho!
Nós vencemos.
Markão Aborígine
Bom dia a todos e todas do Polifonia Periférica.
Feliz em partilhar este momento e conquista com todos e todas. Vamo que vamo… Sonhar e construir!
Ansioso por esse trabalho.
O Markão é o Rapper/militante mais foda do DF!!! Parabéns meu brother!!!
Os obstáculos dignificam a vitória, e o troféu deve ser levantado em homenagem a eles. Do contrário não é um vencedor, mas um vingador.
Gratidão Bira, grande abraço!
Tá chegando Neemias. Abraço